" Mas ela gosta de colecionar segredos. Coisas grandes, que ela guarda dentro de uma caixinha. É doce, doce, extremamente doce, tão doce. E ela fica ali, mastigando alegrias. "
( Caio Fernando Abreu )

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Falsa Humildade

É inevitável não precisar de alguém em alguns momentos da vida, queremos mostrar o quanto somos independentes, a ponto de fazer tudo só, e não para mostrar aos outros nossa capacidade, mas, para provar a nós mesmos que podemos nos alimentar sem ter alguém para levar a colher em nossa boca. Desde pequenos somos ajudados na maioria das atividades: tomar banho, andar, falar, sempre há alguém disposto a nos auxiliar, e aí quando crescemos, queremos fazer as coisas por nós mesmos, necessitamos provar para nosso "eu" que não precisamos de "sombra" para dar opinião a algo que precise de nossa decisão.

E é nessa filosofia, que em nosso interior vai crescendo sentimentos de individualismo. Relatando isso, um conhecido dá um exemplo: "Em tempos de escola, em alguns casos os alunos eram avaliados com atividades em grupo, com isso, sempre tinha aqueles que não ajudavam, às vezes até atrapalhavam o desenvolvimento da atividade, e com isso o trabalho pesado sobrava pra mim. Eu fazia tudo desde a ideia, a criatividade, até a prática da mesma, e quando mostrávamos à professora, ela perguntava quem fez, logo aparecia um e dizia: "- Cada um ajudou em algo! Tinha vergonha de dizer que fiz sozinho e perder a "amizade" deles, pois eram os únicos que falavam comigo na sala, acho que se aproximavam de mim só pelo fato de que eu tirava boas notas. Puro interesse!! Então com isso comecei a fazer tudo sozinho, comecei a ser egoísta com minhas coisas, pois achava que todos só queriam tirar proveito do que eu tinha a oferecer."

Fatos como esse, que nos obriga e induz psicologicamente a negar oferecer ajuda e deixar que alguém nos ajude, pois sempre haverá a ideia de que com isso aproveitam de nossa boa fé ou ficamos devendo favores. Praticamente é um desencargo de consciência  ou até um tipo de precaução contra algo. Para as pessoas que pensam deste modo, um amigo descobre que essa pessoa tem um terno novo e procura um jeito de pedir emprestado e o que o preocupa é... quando ele devolverá? Para que as pessoas não pensem mal a seu respeito, ele empresta, mas "metralhando" várias recomendações. E a noite não consegue dormir direito pensando se puxou o fio, se derramou alguma bebida em cima, rasgou ou o que quer que seja.

Pessoas deste tipo são egoístas ao extremo, mas, não aceita que ninguém descubra isso, por isso, tentam ser os mais discretos possíveis. Tem total zelo pelos seus pertences e não admitem que deixem digitais em seus objetos (tudo bem... exagerei!). Mas onde quero chegar é... até quando não precisaremos da ajuda de alguém? Será que um dia não precisaremos pedir o ferro emprestado ao vizinho? ou até um xícara de açúcar? De onde menos esperamos, é daí que vem a ajuda. Pensamos tão errado em achar que não necessitamos do auxílio de ninguém, que seria impossível viver um só dia sem precisar de um favor. Às vezes aquele que você fez pouco caso hoje, é aquele que poderá morar ao seu lado e sem você saber, estará batendo na porta dele para pedir velas emprestadas e ele simplesmente descobre que você não precisa delas,  pois, ele vê que alguém desligou seu contador, por isso ficou sem energia.

Nunca é tarde para repensar em nosso modo de agir, não é pelo fato que alguém agiu de má fé contigo, que todos que passarem em sua vida terão esta atitude. É hora de fazer nossa parte e deixar que os outros decidam se irão fazer a deles ou não, pois, cada um é dono dos seus atos, mas um só passo em falso será cobrado.

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