" Mas ela gosta de colecionar segredos. Coisas grandes, que ela guarda dentro de uma caixinha. É doce, doce, extremamente doce, tão doce. E ela fica ali, mastigando alegrias. "
( Caio Fernando Abreu )

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Em fuga

É bem verdade que agora sua ausência dissipa meus demônios.
Foi preciso chegar mais perto pra enxergar a linha torta que desenhava, 
mesmo sabendo que a soma não garantiria perfeição.
Das gorjetas criei minha felicidade e a cada aurora colhia flores murchas.
Sentava no chão do espaço que mal me cabia, 
esperando um rastro de vida, mas só ouvia a voz do silêncio dando aulas de brio.
E no fio da coragem teci o manto da renuncia, decorando desapegos e costurando novos enredos.
Tamanho?... 
Serei grande!
 Voarei nos cumes, além dos meus falsos limites, superando as direções contrárias do destino.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Sobras e pó



Aqui pensando em tudo que sonhava, desde o instante que tudo começou, na inocência dos atos. Encantadores momentos, inesquecíveis. 
Hoje percebeu que ficou com os restos, aceitando as sobras que  julgava preencher espaços. 
Contentava-se com o pouco, porque sentia muito. 
Enterrava as discordâncias porque queria o farelo oferecido, acreditava no que vivia, mesmo sabendo que não era real. 
Sabia que ele não se importava, mas o que mais doía era ver seu mundo sendo esmagado por mãos indiferentes. 
Era como beijar lábios inertes, apenas o desejo do beijo é que dava vida à um gesto solitário. 
E as coisas pequenas foram por ele esquecidas, talvez pisadas sem importância, mas ainda era lá que ela se fazia revelar. Sucata era um triste fim para um sentimento com tamanha grandiosidade. Aprendeu que há sonhos que por mais belos que sejam não valem a pena serem realizados. 
Talvez a beleza esteja na moldura que é colocada sendo que a foto... simples papel. 
E assim chegava o fim, a consumação do enredo, que desejou nunca ter criado, já sabia das feridas e da ausência de cura, entretanto acreditava ser seu destino.

domingo, 20 de outubro de 2013

O que carrego?



Meus caminhos nunca são os mesmos, as rotas divergem, bagunçam minha mente.
Tropeço no medo e na insanidade, confundo vocação com vontade, sigo o belo mas só até a metade.
Carrego saudade, fatos, fotos e curiosidades.
Falando não explico, escrevendo me identifico, caminho com muitos, mas é sozinha que me sinto bem.
Confesso, sou o contrário, é desse argumento que me valho.
O que sinto é paixão por tudo aquilo que o amor se revela, vejo além - danos e vantagens - e gostando de lembranças se gosta de viagens. 
Não assisto sofrimento, nesse caso, caso com o silencio. Se for pra sofrer, que seja de amor... de amor ninguém sofre e sim de rejeição, então, quanto a isso não há preocupação.

sábado, 19 de outubro de 2013

Quem entende?

Palavras são poucas para tantas coisas que precisam ser ditas, pensamentos se entrelaçam uns com os outros causando choques entre si, explodindo em pedaços confusos, poluindo toda estrutura, confundindo a lucidez. Soluções surgem de um único raciocínio lógico, que depois de segundos, como crias bagunçam os sentidos, dando nó em linha, enroscando partes cruciais do desfecho em ganchos dispensáveis para tal sentido. Sentido esse que está perdido entre o ontem e o hoje. Enquanto permaneço calada, sem nenhum tipo de contato com o lá fora, o que sinto aqui dentro é como um mar revolto sem motivo, onde as ondas batem violentamente contra as rochas, que estáticas, não sabem o motivo de tamanha movimentação.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O amor tem dessas...


Sentimentos são complexos, muitas vezes invadem nosso pacato coração. É curioso analisar o comportamento de quem está apaixonado. Decidimos tomar uma atitude, cheios de razão, pensando coisas do tipo: Não vou ligar! E quando a pessoa ligar, vou tratar com absoluta firmeza e impor minhas condições, vou adquirir frieza e não me deixarei envolver desta vez. 
Acontece que quando o telefone toca... Ah... Quando o telefone toca! 
Nervoso se mistura com felicidade, a firmeza tem amnésia e a frieza se esconde de modo que ao atender o telefone, a voz adoça e os ouvidos, infelizmente rejubilam por escutar quem te desarma com um bom dia. Alguém consegue dominar um coração envolto de amor? Ou um estomago cheio de borboletas?
 Sentimentos são ousados e imprevisíveis, e por sorte, o amor é o mais atrevido, incontrolavelmente tentador. As vezes, ele manda na gente, em outras ele é passivo. E se não for correspondido, então pra que serve o amor? Quando isso acontece, a bagunça toma conta, o sofrimento caminha ao lado e nada serve, só a pessoa amada. 
A verdade é que nosso corpo sempre está submisso aos caprichos do coração e não adianta fechar as portas, pois até a melhor fechadura tem 'rabo preso' com os assuntos do dito cujo.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Guarda Celeste


Acontece, tem que esperar pra ver
Deus te olha lá do seu azul quintal
Lança estrela em forma de sinal
Quer ouvir seu eu em oração
Separar desejos do real.

Lua chama o olhar do que mais sonha
Clama ao vento sopro consolador
Reza lenda, se a alma não vigora
Chuva molha a razão do sofredor.

Quem retoma seu olhar pra o céu
Cresce rios do seu interior
Vai abrindo rota da nascente
Celebrando sonho que retornou.
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